quinta-feira, 23 de abril de 2009

Pornô feito por mulheres para mulheres

Cai a última reserva de mercado dos homens: agora elas também dirigem filmes pornográficos.
 

Um ex-templo metodista construído no século XIX – a igreja Berkeley, em Toronto, no Canadá – abrigará em 24 de abril o evento mais profano de sua história: a entrega do Prêmio do Pornô Feminista. A competição escolhe desde 2006 os melhores filmes pornográficos feitos para mulheres, e neste ano há 46 finalistas disputando um troféu em formato de pênis estilizado. Trata-se de um recorde de participantes. E de uma revolução. As mulheres, que sempre estiveram à frente das câmeras nesse tipo de produção, como atrizes, agora estão atrás das câmeras, dirigindo. Elas querem criar filmes que mostrem a sexualidade da mulher de uma forma mais positiva e que sejam, simultaneamente, mais excitantes para as próprias mulheres. Cineastas como a sueca Erika Lust, a alemã Petra Joy, a britânica Anna Span e a americana Tristan Taormino dizem que adequaram a pornografia às necessidades da mulher. "Os pornôs para mulheres mostram o que queremos ver: atrizes com quem possamos nos identificar, homens bonitos, mulheres tendo prazer e, claro, um pouco de romance", afirma a canadense Alison Lee, gerente da Good for Her, loja pornô para o público feminino que organiza a premiação.

Esta onda de pornografia feminina é uma resposta a um fenômeno mais amplo. As mulheres viraram grandes consumidoras de conteúdo erótico. No Reino Unido, a consultoria Nielsen constatou que em apenas um ano cresceu 30% o número de mulheres que consomem pornografia por meio da internet. Nos Estados Unidos, segundo dados da consultoria Nielsen, as mulheres já representam 30% da audiência dos filmes adultos na internet. Uma enquete realizada pelo tabloide The Sun sugere que 66% das mulheres assistem a filmes pornôs e que 87% são casadas ou mantêm um relacionamento duradouro. As brasileiras não ficam atrás. Uma pesquisa feita pelo Ibope afirma que 28% do público dos sites adultos é feminino.

O principal fator que abriu às mulheres o acesso à pornografia foi a privacidade da internet. É o que diz a designer de moda carioca que prefere ser identificada como B., o pseudônimo que usa em seu blog A Vida Secreta, sobre sexo. Ela tem 38 anos e é consumidora de material erótico na internet desde 2003, quando conseguiu seu próprio computador: "Passei a buscar material mais ousado. Se não gostasse, simplesmente deletava". A designer diz que gosta de filmes pornôs feministas porque neles a "química" entre os atores é fundamental. "Acho que toda mulher, mesmo as que curtem sexo casual, gosta de sentir um mínimo de envolvimento." B. acredita que a pornografia melhorou sua vida sexual. "Descobri que é normal ser anormal", diz.

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