Autor: ACS/DPRF
PRF cumpre mais de 70 mandados em três estados durante Operação Paracelso.
Brasília (15/07/2008) – A Polícia Rodoviária Federal prendeu hoje integrantes de uma organização criminosa especializada em adulteração de combustíveis com sede em Alagoas e ramificações em São Paulo e Bahia. Os presos integram três quadrilhas que se associaram para a prática dos crimes de adulteração, comércio ilegal de derivados de petróleo, contrabando de armas e munições, sonegação fiscal, roubo de cargas, seqüestro e homicídio. Pelos cálculos da PRF, os criminosos adulteravam mensalmente mais de 600 mil litros de combustíveis e faturavam R$ 2 milhões.
A Operação Paracelso, realizada em conjunto com o Ministério Público Estadual de Alagoas, já prendeu 38 pessoas até o momento e cumpriu 34 mandados de busca e apreensão. Com as quadrilhas, também foram apreendidas 15 armas de fogo de diversos calibres, dinheiro, veículos de carga e de passeio e produtos adulterados. Cerca de 280 policiais rodoviários federais foram deslocados de 13 estados e do Distrito Federal, mais de 80 viaturas e dois helicópteros. A ação foi coordenada pela Divisão de Combate ao Crime da PRF, unidade especial treinada para reprimir a criminalidade nos 61 mil quilômetros da malha viária federal.
Trambiques – De acordo com investigações que começaram há um ano, o alvo dos criminosos eram caminhões de combustíveis e derivados de petróleo que partiam do Pólo Petroquímico de Camaçari (BA) em direção a Pernambuco, pela BR 101. No meio do caminho, motoristas que trabalhavam para os bandidos desviavam os veículos de suas rotas originais para estabelecimentos conhecidos em Alagoas como "trambiques" (pontos de comércio misto, com postos de combustíveis, oficinas, borracharias e serviços de conveniência para o caminhoneiro).
Escondidos sob galpões, os bandidos furtavam cerca de 5% do combustível transportado em cada caminhão, que depois era revendido. Por conta da diferença de volume, solventes como tolueno e benzeno, além de metanol, eram adicionados ao produto original. Nos carregamentos de álcool, os criminosos adicionavam água ao combustível. Nas cargas de derivados químicos de petróleo, a subtração oscilava entre 200 e mil litros por carga. Acondicionado em recipientes próprios, o material seguia contrabandeado para São Paulo contando com documentação adulterada e notas fiscais frias, e abastecia indústrias de produtos plásticos, embalagens e detergentes.
Com o
know-how obtido na adulteração de combustíveis e derivados petroquímicos, o grupo passou também a adulterar cimento de construção, que era enviado para São Paulo mediante 'encomenda'. Investigações revelam que caminhões inteiros do produto receberam a adição de cal e areia fina, tornando a mistura mais barata e mortalmente frágil. A apuração revela ainda que as quadrilhas seqüestravam e assassinavam caminhoneiros que não faziam parte do esquema criminoso.
Paracelso é o pseudônimo de um famoso alquimista, médico, físico e astrólogo renascentista, Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493/1541). Reconhecido pela incoerência de suas doutrinas, é considerado o pai da alquimia, tradição antiga que combina elementos de química, física, metalurgia e misticismo. Um dos objetivos da alquimia, vista pelos céticos com resistência, é a transmutação de metais inferiores em ouro. Paracelso, segundo contam pesquisadores, teria morrido frustrado após ter passado a vida buscando uma forma de enriquecimento através da "fórmula do ouro".