Quase meio ano depois de ocorrido o suposto grampo ilegal
envolvendo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro
Gilmar Mendes, o STF comprou no final do ano passado 55 aparelhos
criptografados capazes de codificar conversas telefônicas,
tornando-as imunes a interceptações.
Serão 20 celulares, da marca HCT, e 35 aparelhos Phonecrypt
Prestige, desenvolvidos pela empresa alemã SecurStar, que podem
ser acoplados a qualquer telefone, seja fixo ou móvel, num custo
total de R$ 380 mil.
As informações fazem parte de levantamento feito pelo portal
Contas Abertas no Siafi (Sistema Integrado de Administração
Financeira).
O pregão eletrônico para a compra dos equipamentos, no dia 29 de
dezembro de 2008, teve como vencedora a TLS Informática, de São
Paulo. Cada celular custou R$ 5.000, e os demais custaram R$
8.000 a unidade. Mas os aparelhos só funcionam quando a ligação
for realizada entre dois telefones criptografados. Ou seja, um
ministro do STF não estará protegido quando fizer ligações para
telefones comuns.
Segundo José Antonio Luz, da TLS, os celulares poderão continuar
sendo usados de forma a não codificar as conversas. A cada
ligação, o usuário poderá escolher se vai criptografar os
diálogos.
Quando criptografada, a conversa é protegida por um sistema
desenvolvido na Alemanha, que verifica a cada cinco segundos se
existe algum risco de interceptação.
A assessoria de imprensa do STF disse que a compra foi feita por
"motivos de segurança", mas não informou quem irá utiliza-los. A
Folha apurou que o tribunal busca proteger a comunicação entre
ministros e assessores.
No ano passado, Gilmar Mendes criticou por diversas vezes o que
chamou de "estado policialesco" e o descontrole de
interceptações telefônicas no Brasil. A compra, porém, foi vista
com ressalvas pelo ministro Marco Aurélio Mello, que criticou os
gastos: "Temos que preservar é o sigilo do voto. Nossas
conversas são abertas. Aquele que tem alguma coisa a esconder
não deve assumir um cargo público", disse.
Fonte: Folha de S. Paulo
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